Por ocasião do aniversário do Papa, a Rádio Vaticano conversou com o
substituto da Secretaria de Estado, Dom Angelo Becciu, um dos
colaboradores próximos de Francisco. Além de deixar seus parabéns para o
Papa, ele conta como Francisco vive seu cotidiano e o dia de seu
aniversário, sempre com atenção ao próximo. Confira a entrevista:
Dom Becciu – Dar os parabéns ao Papa…deve sair do
coração; além daquelas felicitações formais, de boa saúde – desejamos a
ele, de coração, claro, boa saúde – eu direi o desejo de que mantenha
esta alegria que manifesta e que emana continuamente dele. Penso que
este é o voto que quero lhe fazer: que com o passar dos anos, mantenha
sempre este estilo alegre, esta maneira de comunicar ao povo e que ajuda
todos a dar passos adiante na vida espiritual.
Desde os anos em que era arcebispo de Buenos Aires, Jorge
Mario Bergoglio sempre viveu o seu aniversário com sobriedade e o vemos
também nesta ocasião, pensando mais nos outros que em si mesmo. Para o
senhor, há um ensinamento? Ele nos dá um ensinamento nisso, o estilo do
Papa, também em ocasião do seu aniversário?
Dom Becciu – É tudo coerência. É coerência com o seu
estilo de vida e, portanto, também celebrar o aniversário, sabemos
disso. Para ele, amanhã, de extraordinário tem a Missa que celebrará com
os cardeias e depois continua – ele me dizia outro dia – um “dia
normal”. A lição que dá a nós todos é que devemos dar verdadeira
importância às coisas essenciais da vida e às coisas essenciais do
Evangelho. Não deve haver ocasiões para exaltar – ao menos me parece que
esta seja a “lição” do Papa – a nós mesmos, nós padres, nós
consagrados, diria nós cristãos: não devem haver ocasiões para
exaltarmos a nós mesmos, mas nos dedicarmos ao serviço do Evangelho, nós
somos instrumentos deste desígnio de Deus. Parece-me que seja isso: a
sobriedade da vida, demos importância às coisas realmente essenciais.
O Papa completa 80 anos: em tantas ocasiões colocou e
continua a colocar destaque sobre a importância da aliança entre jovens e
idosos. Como explica que justamente um homem idoso de idade como é o
Santo Padre – talvez idoso somente de idade, devemos acrescentar – seja
tão ouvido e seguido pelos jovens, como ponto de referência?
Dom Becciu – Esta é uma bela pergunta! É uma bela
pergunta porque nos coloca interrogações: como o Papa consegue
comunicar-se com os jovens? Eu darei uma resposta. Antes de tudo, é um
homem direto: sabe falar com os jovens, mas sabe falar aos jovens porque
comunica ideais. Os jovens percebem quem comunica apenas coisas vagas,
palavras vazias e quem, em vez disso, tem propostas fortes na vida. Ele
as propõe porque quando fala com os jovens desencadeia um sentimento, um
sentimento especial, justamente porque o Papa remonta ao Evangelho e
fala do Evangelho, fala de coisas essenciais e radicais. Nisso é um
líder, nisso conquista a admiração dos jovens porque – repito – veem
nele um homem que fala ao coração, mas fala ao coração dando propostas
verdadeiras, sinceras. Parece-me que seja assim, os jovens são assim: ou
você fala com eles de modo verdadeiro ou você os perde.
O senhor tem uma relação de colaboração cotidiana com o Santo
Padre. Há coisa que fazem o Papa se irritar? E, em vez disso, o que o
deixa mais alegre, segundo a sua experiência?
Dom Becciu – Irritá-lo….não sei. Eu o vi poucas
vezes, quase nunca, irritado. Certamente triste, certamente desgostoso
quando há notícias negativas e quando vê certos comportamentos que não
são lineares, sobretudo falo de pessoas que deveriam dar testemunho
evangélico e não o fazem….Estas coisas sim, deixam-no triste. Mas ontem,
me parece, dizia: “Pecadores, sim, todos somos” e ele tem uma grande
atitude misericordiosa para com quem erra, se sente mortificado pelo
erro, arrependido, mas não tolera os corruptos, diz ele, isso é, aqueles
que realmente com alma má fazem o mal, instrumentalizam as coisas
sagradas para exaltar a si mesmo, para alcançar objetivos não nobres e
aceitáveis. Isto sim. Do seu caráter, o que me agrada? São tantos
aspectos: ele é muito simples e sabe deixar à vontade as pessoas que o
encontram; se interessa pelas pequenas coisas; ele destaca muitas vezes a
ternura: é terno com as pessoas, basta ver como sabe estar com as
crianças…mas, com todas as pessoas! Se sabe que uma pessoa está
sofrendo, está próximo a ela, procura-a, telefona….Enfim, é fácil lidar
com um Papa assim!
Por último, o aniversário do Papa é justamente quando se
aproxima o Natal do Senhor. Qual é o presente que lhe parece que o
agradaria mais, neste tempo forte do ano, e também poucos dias depois do
fim do Jubileu da Misericórdia?
Dom Becciu – Penso que o presente mais belo seria
saber que os focos de guerra se extinguiram, talvez; e é um presente que
devemos pedir para o Natal. Depois, outro presente é que os cristãos se
empenhem em dar vida à misericórdia, portanto, que o Ano da
Misericórdia não se reduza a um simples parêntese, mas seja um impulso
para um novo estilo de vida pessoal e também eclesial. E depois, outro
presente, o que poderia ser? Talvez ver todos um pouco mais alegres, em
torno dele, por receber essa mensagem de alegria, por serem portadores
da alegria!
Fonte: radio vaticano.
"Deus vos abençoe!!!"
Equipe de Comunicacao do Blog Verbo Pai