Uma coisa que é crucial para todo relacionamento íntimo é manter um forte senso de conexão e amor. Quando você está realmente conectado ao seu parceiro, sente-se seguro, compreendido e como se pudesse conquistar o mundo juntos. Mas como você mantém esse relacionamento em meio aos inevitáveis reveses da vida? A resposta é diferente do que você imagina, pois tudo se resume a apoiar seu parceiro na satisfação um para o outro com suas próprias necessidades pessoais. “Amem-se uns aos outros, assim como eu vos amei.” (Jo 15,12)
Neste sentido, ‘permite-nos avançar para a caridade conjugal. Esta é o amor que une os esposos, amor santificado, enriquecido e iluminado pela graça do sacramento do matrimônio. É uma «união afetiva», espiritual e oblativa, mas que reúne em si a ternura da amizade e a paixão erótica, embora seja capaz de subsistir mesmo quando os sentimentos e a paixão enfraquecem. O Papa Pio XI ensinava que este amor permeia todos os deveres da vida conjugal e «detém como que o primado da nobreza». Com efeito, este amor forte, derramado pelo Espírito Santo, é reflexo da aliança indestrutível entre Cristo e a humanidade que culminou na entrega até ao fim na cruz. «O Espírito, que o Senhor infunde, dá um coração novo e torna o homem e a mulher capazes de se amarem como Cristo nos amou. O amor conjugal atinge assim aquela plenitude para a qual está interiormente ordenado: a caridade conjugal».’ (Exortação Apostólica Pós-sinodal Amoris Laetitia do Santo Padre Francisco, 2016)
Deixa eu contar uma história para você sobre um casal, Pedro e Linda, têm dois filhos pequenos. Pedro trabalha mais de 12 horas por dia como médico e muitas vezes chega em casa cansado e com fome. Linda acorda várias vezes por noite com o filho de sete meses e está ocupada cuidando da casa. O pouco tempo que eles têm juntos no final de cada dia é gasto discutindo sobre quem fez mais e quem deve fazer uma pausa primeiro. Suas necessidades pessoais não estão sendo atendidas e se culpam por isso. Em vez de fortalecer sua relação conjugal, eles estão se afastando ainda mais com o risco infeliz de perder completamente a conexão.
O que acontece quando a relação começa a ficar desgastada ou perdida? A menos que seja abordado antecipadamente, um resultado final comum de se sentir desconectado é a infidelidade. Seja física ou emocional, a infidelidade é devastadora e é um problema que geralmente ajudamos os casais a resolver. De cada casal aflito, a história é praticamente a mesma: "Eu me senti sozinho", "Eu me senti indesejado", "Eu estava com medo", "Você parecia não se importar mais comigo." Sem desculpa para ser infiel, torna-se fácil justificar a infidelidade quando se sente sozinho, esquecido ou negligenciado no relacionamento. Mas este não é o caminho seguro e correto, pois está fadado a desordem e fim de uma história conjugal acessada em Deus.
MINHAS NECESSIDADES VERSUS SUAS NECESSIDADES
Se você já esteve em um avião, sabe que, no caso de a pressão da cabine cair, deve colocar sua própria máscara de oxigênio primeiro e depois ajudar os outros - incluindo seus filhos. No entanto, o que aconteceria com seu filho se você estivesse mal preparado para se ajudar? Se você se atrapalhou por muito tempo para colocar a máscara, pode ser tarde demais para ajudar. Embora devamos cuidar primeiro de nossas próprias necessidades, a chave como parceiro é estar em constante estado de prontidão. Caso contrário, vocês dois estarão lutando simultaneamente para atender às suas próprias necessidades e se negligenciar.
“Sob o impulso do Espírito, o núcleo familiar não só acolhe a vida gerando-a no próprio seio, mas abre-se também, sai de si para derramar o seu bem nos outros, para cuidar deles e procurar a sua felicidade. Esta abertura exprime-se particularmente na hospitalidade, que a Palavra de Deus encoraja de forma sugestiva: «Não vos esqueçais da hospitalidade, pois, graças a ela, alguns, sem o saberem, hospedaram anjos» (Heb 13, 2). Quando a família acolhe e sai ao encontro dos outros, especialmente dos pobres e abandonados, é «símbolo, testemunho, participação da maternidade da Igreja». Na realidade, o amor social, reflexo da Trindade, é o que unifica o sentido espiritual da família e a sua missão fora de si mesma, porque torna presente o querigma com todas as suas exigências comunitárias. A família vive a sua espiritualidade própria, sendo ao mesmo tempo uma igreja doméstica e uma célula viva para transformar o mundo.” (Exortação Apostólica Pós-sinodal Amoris Laetitia do Santo Padre Francisco, 2016)
Além de estar em constante estado de prontidão, também é importante fazer uma distinção entre desejos e necessidades, bem como necessidades imediatas e futuras. Só porque você quer algo não significa que é uma necessidade - e apenas porque você tem uma necessidade, não significa que é uma necessidade imediata. Uma ótima regra a seguir é garantir que suas necessidades imediatas sejam atendidas regularmente, para que você possa ajudar a satisfazer as necessidades de seu parceiro conforme elas surgirem. Assim como Cristo fez por nós na Cruz. Deu sua vida e vida em abundancia para todos nós. São Francisco de Assis nos ensina assim: “Ó Mestre, fazei que eu procure mais: consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado. Pois é dando que se recebe. É perdoando que se é perdoado. E é morrendo que se vive para a vida eterna.”
COMO SER PROATIVO
Como Pedro e Linda, minha esposa e eu também tivemos momentos de luta em nosso relacionamento. Temos nossas particularidades - e, tanto quanto os amamos, a vida só fica mais difícil a cada novo bebê. Conseguimos sobreviver por um tempo, mas após o casal ter o quarto filho acontece que atingi um ponto de ruptura. O casal se sente sobrecarregados e cansados. A coisa mais fácil a fazer era apontar o dedo e culpar um ao outro por ser muito egoísta.
Por fim, podemos perceber que cada um de nós precisamos ser mais proativo e assumir a responsabilidade por nossas próprias necessidades. Por exemplo, optar por ir para a cama mais cedo regularmente fez uma grande diferença. Uma hora de dormir mais cedo tornou possível acordar mais cedo do que as crianças, o que permitia um tempo mais pessoal para estar com sua esposa, meditar Palavra de Deus, exercitar e planejar todos os dias. Em pouco tempo, estaremos ambos mais descansados e mais bem preparados a cada dia para cuidar um do outro.
A antecipação em amar o outro é poder. Isso soa verdadeiro em todas as áreas da vida, incluindo seus relacionamentos íntimos. Se você possui um plano para garantir que suas próprias necessidades sejam atendidas de forma consistente, estará mais preparado para atender às necessidades de seu parceiro quando a conexão começar a desaparecer ou tudo parece desaba. Contudo, em Deus tudo se refaz e renova, mas sempre olhando um para o outro.
"Deus vos abençoe!!!"
Fundador Gleydson do Blog Verbo Pai