É claro que a criatura é alguma coisa existente; não é absolutamente nada, mas é nada por si mesma. Deus, o Criador, como Aquele que é e tem tudo, Ele é quem doa; Ele é propriamente a bondade. É por isso que a qualidade específica da criatura como tal é a abertura para receber e a virtude específica da criatura como tal parece-me que seja propriamente a humildade. Esta é essencialmente uma virtude relacionada com Deus, no sentido de que a criatura, se é humilde, reconhece com gratidão que todo o bem que é e possui e pode realizar vem de Deus, não de si mesma; nada pode por si mesma, como se não viesse de Deus. Tudo é dom de Deus.
Daí se conclui o seguinte: quanto mais perfeita a criatura for, quer dizer, quanto mais ela recebeu de Deus, quanto mais deve a Deus, tanto mais profunda será sua humildade, seu reconhecimento da dependência total de Deus, seu dizer “sim” à sua condição de ser alguém que recebe.
O soberbo atribui a si mesmo o que recebeu de Deus. É conhecida a palavra do Apóstolo Paulo: “Que tens que não tenhas recebido? Mas, se recebeste tudo que tens, por que, então, te glorias, como se não o tivesses recebido?” (1 Cor 4,7). O humilde atribui tudo a Deus, como Maria no Magnificat: “Ele olhou para a humildade de Sua serva. ... porque o Poderoso fez para mim coisas grandiosas” (Lc 1,48-49). Consequentemente, ela é a criatura mais humilde, pois é aquela que mais recebeu de Deus e deve reconhecer este fato de ter recebido mais do que outros, de dever mais a Deus. É claro que a grandeza dos dons recebidos de Deus também pode ser o motivo de orgulho. Mas, quando a pessoa mais agraciada for humilde, ela é consequentemente a mais humilde de todas.
Extraído: https://institutumsapientiae.files.wordpress.com/2021/01/sc4-2020na.pdf
"Deus vos abençoe!!!"
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