As estações da natureza
ensinam-nos a reconciliar em nosso coração o tempo dos mistérios que abraçam
nossa fé. Advento é o tempo da espera. Ainda não é Natal, mas antecipa a alegria
desta festa. Viver cada tempo litúrgico com o coração é um jeito nobre de não
adiantar um tempo que ainda não chegou. Na sobriedade que este tempo litúrgico
exige vamos tecendo a colcha das alegrias do Cristo que vem ao nosso
encontro.
Esperar é uma alegria antecipada
de algo que ainda não chegou. A mulher grávida vive na alma a felicidade
antecipada pela vida que em seu ventre vai sendo gerada no tempo que lhe cabe. A
natureza cumpre o ritual das estações para que cada tempo seja único. Os casais
apaixonados esperam o momento do encontro. As famÃlias organizam a casa no
cuidado da espera dos parentes que vão chegar. Esperar é uma metáfora do
cotidiano da vida. No contexto do Advento a espera ganha tonalidades alegres e
sóbrias.
Casa mal arrumada não é adequada
para acolher os amigos e familiares que irão chegar. Jardim sujo não pode se
tornar um canteiro para novas sementes... Esperar é também tempo de cuidado...
Tempo de organização...
No tempo da espera, o tempo do
cuidado na vida espiritual. Chegando ao final de mais um ano, muitos corações
encontram-se totalmente bagunçados... Raivas armazenadas nos potes da
prepotência. Mágoas guardadas nas gavetas do rancor. Amizades sendo consumidas
pelo microondas da inveja. Tristezas crescendo no jardim da infelicidade.
Violência sendo gerada no silêncio do coração...
Enquanto as lojas fazem o
balanço somos convidados a fazermos o balanço de nossa situação emocional. No
balancete da vida o amor deve sempre ser o saldo positivo que nos impulsiona a
cada dia sermos mais humanos.
Casa mal arrumada não é local
adequado para receber quem nos visita. Coração bagunçado dificilmente tem espaço
para acolher quem chega. Neste tempo do advento a faxina da espera deve remover
as teias de aranha dos sentimentos que estacionaram em nossa alma. O pó que
asfixia o amor deve ser varrido. Tempo novo exige um coração
novo.
Jesus com seu amor sem limites
adentrava o coração de cada pessoa e fazia uma faxina de amor... Abria as
janelas da vida que impediam cada pessoa de ver a luz de um novo tempo chegar...
Devolvia as flores já secas pelas dores e tristezas as alegrias da
ressurreição... Semeava nos sertões sem vida as sementes do amor e da
paz...
No Advento da Vida as estações
do coração se tornam tempo propicio para limpar os quartos da alma na espera do
Cristo que vem. Se o jardim do coração estiver sendo cuidado, as sementes da
esperança irão germinar no tempo que lhes cabe e o Amor irá nascer nas alegrias
da chegada.