Ter Fé não é um Absurdo, mas um Ato Racional que Enche de Plenitude a Vida

Verbo Pai
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A fé permite um saber autêntico sobre Deus que envolve toda a pessoa humana: é um “saber”, isto é, um conhecer que doa sabor à vida, um gosto novo de existir, um modo alegre de estar no mundo.O amor de Deus, então, faz ver, abre os olhos, permite conhecer toda a realidade, além das perspectivas estreitas do individualismo e do subjetivismo que desorientam a consciência. O conhecimento de Deus é, portanto, experiência de fé e implica, ao mesmo tempo, um caminho intelectual e moral: tocados profundamente pela presença do Espírito Santo de Jesus em nós, superamos os horizontes dos nossos egoísmos e nos abrimos aos verdadeiros valores da existência.

"Nesta perspectiva, o Ano da Fé é convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo. No mistério da sua morte e ressurreição, Deus revelou plenamente o Amor que salva e chama os homens à conversão de vida por meio da remissão dos pecados (cf. Act 5, 31). Para o apóstolo Paulo, este amor introduz o homem numa vida nova: «Pelo Batismo fomos sepultados com Ele na morte, para que, tal como Cristo foi ressuscitado de entre os mortos pela glória do Pai, também nós caminhemos numa vida nova» (Rm 6, 4). Em virtude da fé, esta vida nova plasma toda a existência humana segundo a novidade radical da ressurreição. Na medida da sua livre disponibilidade, os pensamentos e os afetos, a mentalidade e o comportamento do homem vão sendo pouco a pouco purificados e transformados, ao longo de um itinerário jamais completamente terminado nesta vida. A «fé, que atua pelo amor» (Gl 5, 6), torna-se um novo critério de entendimento e de ação, que muda toda a vida do homem (cf. Rm 12, 2; Cl 3, 9-10; Ef 4, 20-29; 2 Cor 5, 17)." (Porta Fidei, Papa Bento XVI)

A tradição católica desde o início rejeitou o assim chamado fideísmo, que é a vontade de crer contra a razão. Credo quia absurdum (creio porque é absurdo) não é fórmula que interpreta a fé católica. Deus, na verdade, não é absurdo, mas sim é mistério. O mistério, por sua vez, não é irracional, mas uma superabundância de sentido, de significado, de verdade. Se, olhando para o mistério, a razão vê escuridão, não é porque no mistério não tenha a luz, mas porque existe luz em abundância.

Assim como quando os olhos do homem se dirigem diretamente ao sol para olhá-lo, veem somente trevas; mas quem diria que o sol não é luminoso, antes a fonte da luz? A fé permite olhar o “sol”, Deus, porque é acolhida da sua revelação na história e, por assim dizer, recebe verdadeiramente toda a luminosidade do mistério de Deus, reconhecendo o grande milagre: Deus se aproximou do homem, ofereceu-se ao seu conhecimento, consentindo ao limite criador da sua razão.

É falso o pré-juízo de certos pensadores modernos, segundo os quais a razão humana seria como que bloqueada pelos dogmas da fé. É verdade exatamente o contrário, como os grandes mestres da tradição católica demonstraram. Santo Agostinho, antes de sua conversão, busca com tanta inquietação a verdade, através de todas as filosofias disponíveis, encontrando todas insatisfatórias. A sua cansativa investigação racional é para ele uma significativa pedagogia para o encontro com a Verdade de Cristo.

Quando diz: “compreendas para crer e creias para compreender”, é como se contasse a própria experiência de vida. Intelecto e fé, antes da divina Revelação, não são estranhas ou antagonistas, mas são ambas duas condições para compreender o sentido, para transpor a autêntica mensagem, se aproximando-se do limite do mistério. Santo Agostinho, junto a tantos outros autores cristãos, é testemunha de uma fé que se exercita com a razão, que pensa e convida a pensar.

O Beato Papa João Paulo II, de fato, na Encíclica Fides et ratio, sintetiza assim: “A razão do homem não se anula nem se degrada dando assentimento aos conteúdos de fé; estes são em cada caso alcançados com escolhas livres e conscientes” (n. 43). No irresistível desejo de verdade, só um harmonioso relacionamento entre fé e razão é a estrada certa que conduz a Deus e à plena realização de si.


É decisivo para o homem abrir-se à fé e conhecer Deus e o seu projeto de salvação em Jesus Cristo. No Evangelho vem inaugurado um novo humanismo, uma autêntica “gramática” do homem e de toda a realidade. Afirma o Catecismo da Igreja Católica: “A verdade de Deus é a sua sabedoria que rege a ordem da criação e do governo do mundo. Deus que, sozinho, ‘fez o céu e a terra’, pode doar, Ele só, o verdadeiro conhecimento de cada coisa criada na relação com ele” (n. 216).

Confiemos, então, que o nosso empenho na evangelização ajude a dar nova centralidade ao Evangelho na vida de tantos homens e mulheres do nosso tempo. E rezemos para que todos redescubram em Cristo o sentido da existência e o fundamento da verdadeira liberdade: sem Deus, de fato, o homem perde a si mesmo. Os testemunhos de quantos nos antecederam e dedicaram a sua vida ao Evangelho o confirmam para sempre. É racional crer, está em jogo a nossa existência. Vale a pena se gastar por Cristo, somente Ele satisfaz os desejos de verdade e de bem enraizados na alma de cada homem: ora, no tempo que passa, e no dia sem fim da Eternidade bem aventurada.

Texto extraído da Catequese do dia 21 de novembro de 2012, do Papa Bento XVI.


"Deus vos abençoe!!!"
Fundador Gleydson do Blog Verbo Pai


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