Do coração de Deus ao Coração do Artista
"Nossa arte deve rasgar véus, derrubar escamas, para que o olhar humano possa se encontrar com o olhar divino."
Em 2009, Deus inquietou meu coração a respeito da arte que eu fazia. A arte que eu tanto amava pareceu perder o sentido. Conheci a Vocação Recado, seu carisma e missão. Então o que era incompleto, pouco e, até mesmo desnecessário, tornou-se inteiro e extremamente necessário. Era o Sentido que faltava. Era o Serviço que faltava. Esses dons nunca foram meus, nunca tive o direito de retê-los apenas para mim, pois eles só fazem sentido quando eu os entrego em oferta.
Quando tantos acham desperdÃcio; quando tantos acreditam ser perda de tempo; quando tantos pensam ser limitação, é justamente aà onde eu encontro O que é Perfeito. É essa arte que vem do que é completo, passa pelas fraquezas e limitações do imperfeito, usa o que é pequeno e o leva ao infinito. Pois “não é por causa de uma capacidade pessoal, que poderÃamos atribuir a nós mesmos, é de Deus que vem a nossa capacidade” (II Cor 3,5).
Deus deposita em nós dons e os pede de volta, porque eles só fazem sentido quando são ofertados no altar. Assim como Deus chamou a Pedro, como pescador que era, para ser, desta vez, pescador de homens; e fez ainda mais: o mesmo que negou, o mesmo que foi fraco, o mesmo que se escondeu e teve medo, foi o que se tornou pedra e fundamento essencial para a Igreja que temos hoje. É assim também que Deus nos chama, a partir dos dons que Ele mesmo nos deu. Como artistas que somos. E assim nos ensina João Paulo II em sua carta aos artistas:
"Quem tiver notado em si mesmo esta espécie de centelha divina que é a vocação artÃstica – de poeta, escritor, pintor, escultor, arquiteto, músico, ator -, adverte ao mesmo tempo a obrigação de não desperdiçar este talento, mas de o desenvolver para colocá-lo a serviço do próximo e de toda a humanidade." (P. 9)
Deus quer agir e fazer no mundo através do nosso coração de artista. Um coração tão sensivelmente insensÃvel e tão insensivelmente sensÃvel! Um coração tão errante, mas que tem o desejo sincero de acertar. Um coração questionador, mas que se dobra diante da Vontade de Deus.
Essa arte que o Senhor confiou a nós, artistas, deve ser como um tesouro em nossas mãos, entendendo que todo talento vem de Deus. Este tesouro, nós o carregamos em vasos de argila, para que esse poder incomparável seja de Deus e não nosso (II Cor 4,7).
Ao contrário da arte que somos acostumados a apreciar no mundo, a nossa deve mostrar não a nós mesmos, mas Aquele que a deu a nós. O corpo – a voz, as mãos – do artista é apenas um caminho que Deus quer utilizar para alcançar os lugares mais escondidos dos corações de pedra. Stanislaviski diz que o verdadeiro ator é aquele que ao apontar para o céu leva o público a ver não o belo movimento, ou a ponta do seu dedo, mas o próprio céu. E assim deve ser conosco: devemos desaparecer para que o Essencial encontre lugar na nossa obra artÃstica.
Fonte: Site Comunidade Recado
Por: Débora Moreira - Membro da Comunidade Recado
"Deus vos abençoe!!!"
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