
A Sagrada Escritura, no Antigo Testamento, é como um grande código de
comportamento, no qual entram noções de saúde pessoal e pública, normas
de respeito mútuo, leis sobre a organização das cidades ou outras
agregações, respeito à terra e aos ritmos da natureza. Os povos da
primitiva aliança tinham um só livro a que se referir, nele encontrando a
vontade de Deus, na qual está incluÃdo o bem estar das pessoas. Nele
deviam encontrar o equilÃbrio nas relações sociais e os limites no trato
com os outros. E não era um povo tranquilo e parado! Era gente de
temperamento forte, povo briguento ao enfrentar os que lhe eram
ameaçadores. Deus teve paciência de pai e ternura de mãe para cuidar
daquele povo de cabeça dura! Sua história é um processo de educação
desenvolvido por Deus com infinita paciência.
A plenitude dos tempos acontece com a encarnação do Verbo de Deus.
Tornou-se o Senhor igual a nós em tudo, menos no pecado. Assumiu tudo o
que é nosso, para nos resgatar. Ele chamou homens e mulheres, educou-os
com delicadeza e firmeza. Os textos do Novo Testamento são a narrativa
da magnÃfica aventura de amor, na qual se compromete a Trindade Santa e
as pessoas destinadas a vida em comunhão com Deus e entre elas mesmas.
Passam os séculos, a sociedade enfrenta por muitas mudanças, a Boa
NotÃcia deve ser levada aos confins da terra, pelo anúncio e realização
da salvação em Jesus Cristo, Filho de Deus. A quais povos há de chegar?
Ninguém fica excluÃdo! E a mesma estrada, conduzida pela pedagogia
divina, há de ser continuamente atualizada. Estamos numa escola de
formação, desafiados a experimentar aqui na terra o estilo de vida
próprio do Céu. E não será menos humano viver do jeito de Deus, pois
ninguém entende mais de humanidade do que quem a criou.
Jesus empreende uma intensa jornada de formação com seus discÃpulos,
sem desprezar qualquer oportunidade. Certa feita, a ânsia pelos
primeiros lugares numa refeição festiva - falta de educação! - suscita o
ensinamento do Senhor (Lc 14,1.7-14). Jesus é observado por todos.
Olhares diferentes, alguns mais curiosos do que piedosos, outros com
coração de crianças que querem aprender. A lição é mais do que uma norma
de civilidade, mas parte dela. Discrição, prudência no relacionamento
com os outros, delicadeza, sentar-se "no último lugar". O que vai além
das normas de etiqueta é o coração daquele que se faz discÃpulo de
Cristo. Sua meta é amar a servir, mais do que competir por posições no
concerto da sociedade. Olha ao seu redor, reconhece o valor dos outros,
toma a iniciativa do amor, sempre disposto a cumprimentar primeiro,
vencer o fechamento, ouvir e servir. Não se trata de humilhação, mas de
humildade, na qual se estabelece, no correr do tempo, uma sadia
competição, na qual todos têm como objetivo comum o serviço mútuo. Todos
serão importantes, porque ninguém quer ser maior do que outro, mas
deseja ser "suporte" para que todos cresçam.
A quem considera superada ou irreal tal modo de agir, permito-me
desafiar a fazer a experiência! Tenho a certeza de que vai mudar alguma
coisa, e muito, quando se transformarem as relações entre as pessoas.
Afinal de contas, não é difÃcil perceber que multiplicamos as
indelicadezas e agressões em escala cada vez maior. Os conflitos
existentes, inclusive os que depois chamamos de guerras, são escalas
mais amplas do mesmo egoÃsmo do dia a dia. A sociedade sofre as
consequências do que lhe pareceu condição de crescimento, a competição
desenfreada, onde vale a destruição recÃproca dos que entram no jogo.
Somos como que crianças grandes que se esqueceram das lições de casa,
com os riscos de destruir o grande brinquedo que a vida nos ofereceu.
As lições de Jesus, na aparentemente ingênua proposta de vida nova,
pedem um jeito novo de fazer a festa da vida: “Quando ofereceres um
almoço ou jantar, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus
parentes, nem teus vizinhos ricos. Pois estes podem te convidar por sua
vez, e isto já será a tua recompensa. Pelo contrário, quando deres um
banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos! Então
serás feliz, pois estes não têm como te retribuir! Receberás a
recompensa na ressurreição dos justos” (Lc 14,12-14).
Para praticá-las, não há outra estrada senão rever os objetivos com os
quais nos colocamos diante das pessoas, valorizando-as mais do que os
eventuais proveitos ou lucros que possam oferecer. Elas valem antes e
mais do que mostra sua aparência externa. Do coração de quem tem fé
brotarão os sentimentos e a prática da misericórdia e da atenção, o
cuidado e o serviço. Ninguém se cansará de ser assim "bem educado".
Só com a graça de Deus poderemos alcançar tal mudança na sociedade. Por
isso pedimos: "Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos
corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco, para
alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes".
Texto de Dom Alberto Taveira Corrêa.
"Deus vos abençoe!!!"
Fundador Gleydson do Blog Verbo Pai
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