As palavras de Maria dizem que é um dever da
Igreja recordar a grandeza de Nossa Senhora para a fé. Por conseguinte, esta
solenidade é um convite a louvar a Deus e a contemplar a grandeza de Nossa
Senhora, porque é no rosto dos seus que nós conhecemos quem é Deus.
Mas por que motivo Maria é glorificada com a Assunção ao Céu? Como ouvimos,
são Lucas vê a raiz da exaltação e do louvor a Maria na expressão de Isabel:
«Bem-aventurada aquela que acreditou» (Lc 1, 45). E o Magnificat,
este cântico ao Deus vivo e em acção na história, é um hino de fé e de amor, que
brota do coração da Virgem. Ela viveu com fidelidade exemplar e conservou no
mais íntimo do seu coração as palavras de Deus ao seu povo, as promessas feitas
a Abraão, Isaac e Jacob, fazendo delas o conteúdo da sua oração: no
Magnificat a Palavra de Deus tornou-se a palavra de Maria, lâmpada do seu
caminho, de maneira a torná-la disponível a acolher também no seu seio o Verbo
de Deus que se fez carne. A página evangélica de hoje evoca esta presença de
Deus na história e no próprio desenrolar dos acontecimentos; aqui há uma
referência particular ao Segundo livro de Samuel no capítulo 6 (1-15),
onde David transporta a Santa Arca da Aliança. O paralelo que o Evangelista faz
é claro: Maria à espera do nascimento do Filho Jesus é a Arca Santa que traz em
si a presença de Deus, uma presença que é fonte de consolação, de alegria plena.
Com efeito, João dança no seio de Isabel, precisamente como David dançava diante
da Arca. Maria é a «visita» de Deus que cria júbilo. No seu cântico de louvor,
Zacarias di-lo-á explicitamente: «Bendito o Senhor, Deus de Israel, que visitou
e redimiu o seu povo» (Lc 1, 68). A casa de Zacarias experimentou a
visita de Deus com o nascimento inesperado de João Baptista, mas sobretudo com a
presença de Maria, que traz no seu seio o Filho de Deus.
Mas agora interroguemo-nos: o que é que a Assunção de Maria confere ao nosso
caminho, à nossa vida? A primeira resposta é: na Assunção vemos que em Deus
existe espaço para o homem, o próprio Deus é a casa de muitos aposentos da qual
Jesus fala (cf. Jo 14, 2); Deus é a casa do homem, em Deus há espaço de
Deus. Quanto a Maria, unindo-se, unida a Deus, não se afasta de nós, não vai a
uma galáxia desconhecida, mas quem procura Deus aproxima-se, porque Deus está
próximo de todos nós; e Maria, unida a Deus, participa da presença de Deus,
encontra-se extremamente próxima de nós, de cada um de nós. Há uma bonita
palavra de são Gregório Magno sobre são Bento, que podemos aplicar de novo a
Maria: são Gregório Magno afirma que o coração de são Bento se tornou tão
grande, que toda a criação podia entrar nesse coração. Isto é válido ainda mais
para Maria: totalmente unida a Deus, Maria tem um coração tão grande que toda a
criação pode entrar nele, e os ex-votos demonstram-no em todas as partes
da terra. Maria está próxima, pode ouvir, pode ajudar, encontra-se próxima de
todos nós. Em Deus há espaço para o homem e Deus está próximo; quanto a Maria,
unida a Deus, está extremamente próxima, tem um coração tão grande quanto o
coração de Deus.
Mas existe também outro aspecto: em Deus não existe espaço unicamente para o
homem; no homem há espaço para Deus. Também isto vemos em Maria, a Arca Santa
que traz em si a presença de Deus. Em nós há espaço para Deus, e esta presença
de Deus em nós, tão importante para iluminar o mundo na sua tristeza, nos seus
problemas, esta presença realiza-se na fé: na fé abrimos as portas do nosso ser,
de tal forma que Deus entre em nós, a fim de que Deus possa ser a força que dá
vida e caminho ao nosso ser. Em nós existe espaço, abramo-nos como Maria se
abriu, dizendo: «Que se cumpra em mim a tua vontade, eu sou a serva do Senhor».
Abrindo-nos a Deus, nada perdemos. Pelo contrário: a nossa vida torna-se rica e
grande.
E deste modo fé, esperança e amor combinam-se entre si. Hoje existem muitas
palavras sobre um mundo melhor a esperar: seria a nossa esperança. Se e quando
este mundo melhor virá, nós não o sabemos, eu não sei. Obviamente, um mundo que
se afasta de Deus não se torna melhor, mas pior. Somente a presença de Deus pode
garantir também um mundo bom. Mas deixemos isto.
Uma realidade, uma esperança é certa: Deus espera por nós, aguarda-nos, não
caminhamos no vazio, somos aguardados. Deus espera-nos e, indo para o outro
mundo, encontramos a bondade da Mãe, encontramos os nossos, encontramos o Amor
eterno. Deus aguarda-nos: esta é a nossa grande alegria e a grandiosa esperança
que nasce precisamente desta festa. Maria visita-nos, é a alegria da nossa vida,
e a alegria é esperança.
Portanto, o que podemos dizer? Coração grande, presença de Deus no mundo,
espaço de Deus em nós e espaço de Deus para nós, esperança, ser esperado: tal é
a sinfonia desta festa, a indicação que a meditação desta Solenidade nos
concede. Maria é aurora e esplendor da Igreja triunfante; ela constitui a
consolação e a esperança para o povo ainda a caminho, comenta o Prefácio
hodierno. Confiemo-nos à sua intercessão materna para que, através do Senhor,
fortaleçamos a nossa fé na vida eterna; ajude-nos a viver bem o tempo que Deus
nos oferece com esperança. Uma esperança cristã, que não é apenas saudade do
Céu, mas desejo vivo e concreto de Deus aqui no mundo, desejo de Deus que nos
torna peregrinos incansáveis, alimentando em nós a coragem e a força da fé, que
é ao mesmo tempo coragem e fortaleza do amor. Amém!
Fonte: Vatican
"Deus vos abençoe!!!"
Fundador Gleydson do Blog Verbo Pai
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