A palavra
Conclave é utilizada desde o século XIII, quando foi instituído o
isolamento dos Cardeais para a votação do novo Pontífice. Ela vem do
latim e significa “sob chaves” ou “quarto fechado”, para evidenciar o
caráter secreto do evento. O Colégio dos Cardeais fica responsável por
escolher quem será o próximo Papa.
Os Cardeais com menos de 80 anos votam na
escolha do líder religioso. Esse processo de votação, que acontece na
Capela Sistina, é secreto e a portas fechadas. Os Cardeais ficam
isolados de tudo enquanto o Conclave acontece.
Essa eleição papal está sujeita às regras
definidas no documento Universi Dominici Gregis, uma Constituição
Apostólica do Papa João Paulo II, lançada em 1996. Esse documento,
quebrando a tradição, estabelece que os Cardeais não ficarão trancados
na Capela Sistina por todo o conclave; mas mantém que, mesmo enquanto
estiverem fora de sessão, não terão acesso a televisão, rádio ou
telefone durante o processo de eleição. Os cardeais ficarão na Casa de
Santa Marta, que fica a 300 metros da Capela Sistina. Neste documento, o
Papa permite também a participação dos cardeais com mais de 80 anos nas
discussões que acontecem dentro do Conclave, impedindo-os, entretanto,
de votar.
Como acontece a votação
Todos os Cardeais permanecem isolados.
Antes de começar o Conclave eles juram que seguirão todas as regras e
que guardarão segredo sobre a eleição. A pena para quem não guarda
segredo é a excomunhão. Três Cardeais são, então, eleitos
escrutinadores, para ocupar a mesa onde serão apurados os votos, e
outros três são escolhidos para revisar o processo. É entregue a cada
Cardeal uma cédula com espaço para escrever o nome do escolhido, em cuja
parte superior se encontra, a frase Eligo in summum pontificem (Elejo
como Sumo Pontífice, em latim). Cada eleitor leva o papel, de uma forma
visível, até o altar da Capela Sistina. Antes de deixar seu voto em uma
espécie de prato, que servirá para despejar o voto em uma urna, o
Cardeal deve dizer em voz alta “Invoco como testemunha Cristo Senhor, o
qual há de julgar que o meu voto é dado àquele que, segundo Deus, julgo
que deve ser eleito”.
Os votos são colocados na urna e depois
contados. O primeiro Cardeal escrutinador pega uma cédula, lê o nome do
escolhido e passa para o segundo. Este confirma o nome e repassa o papel
para o terceiro que, por sua vez, anota o nome numa folha e o lê em voz
alta, para que todos os eleitores possam anotar também.
É verificado se o número de votos
corresponde ao número de Cardeais presentes. Em seguida, os papéis são
queimados na estufa, com chaminé, da Capela Sistina. Se nenhum candidato
tiver alcançado a maioria, a fumaça deve sair preta; mas, caso um
cardeal seja eleito, a fumaça deve sair branca anunciando para toda a
Igreja que o novo Papa foi escolhido. Para ser eleito Papa, o candidato
deve ter, pelo menos, 2/3 dos votos.Segundo as novas normas
estabelecidas pelo Papa João Paulo II em 1996, se não há um eleito após
três dias de votação, se realizará uma pausa de um dia; ao fim de outros
sete escrutínios ocorre outra pausa de um dia; se o impasse se mantém
após mais sete votações, que acontecem em três dias, a eleição faz-se
por maioria simples.
Os Ritos do Conclave
Quando
os cardeais eleitores tiverem concluído com êxito a eleição, o Ordo
Rituum Conclavis (Ritos do Conclave), de acordo com a Constituição
Apostólica, assinala que o último dos cardeais diáconos chamará à Capela
Sistina o Secretário do Colégio dos Cardeais, o Mestre das Celebrações
Litúrgicas Pontifícias e dois cerimonialistas.
Então o Cardeal Decano ou, em sua ausência,
o Subdecano ou o Primeiro dos Cardeais por ordem de antigüidade, em
nome de todo o Colégio dos eleitores pedirá o consentimento do eleito
com as seguintes palavras: “Acceptasne electionem de te canonice factam
in Summum Pontificem?” (“Aceitas tua eleição canônica para Sumo
Pontífice?”, em latim).Enquanto tiver recebido o consentimento por parte
do eleito, perguntará: “Quo nomine vis vocari?” (“Com que nome queres
ser chamado?”, também em latim).E já Sumo Pontífice, indicará o homem
por ele decidido, com as seguintes palavras ou outras parecidas:
“Vocabor N.” (“Chamar-me-ei N.”, em latim).
Neste momento, o Mestre de Celebrações
Litúrgicas Pontifícias, atuando como notário e tendo como testemunhas
dois cerimonialistas, levantará ata da aceitação do novo Pontífice e do
nome que tomou.
Também ao finalizar a eleição, será
redigido um escrito, que deve ser aprovado pelos três cardeais
assistentes, no qual declara o resultado das votações de cada
sessão.“Este escrito será entregue ao Papa e, depois, será conservado no
arquivo correspondente, selado, que não poderá ser aberto por ninguém, a
não ser que o Sumo Pontífice permita explicitamente” (UDG 71).
Não se contempla que o eleito deva prestar
nenhum tipo de juramento ao aceitar. De fato, os cardeais eleitores, ao
entrar no Conclave e antes de proceder à eleição, já haviam jurado:
“Prometemos, obrigamo-nos e juramos que quem quer de nós que, por
disposição divina, seja eleito Romano Pontífice, comprometer-se-á a
desempenhar fielmente o munus petrinum de Pastor da Igreja universal e
não deixará de afirmar e defender denominadamente os direitos
espirituais e temporais, assim como a liberdade da Santa Sé”.
Ao tratar do consentimento, a UDG prevê a
eventualidade de que o eleito resida fora da Cidade do Vaticano, isto é,
que não esteja entre os eleitores. E é que os cardeais eleitores
poderão eleger a quem “inclusive fora do Colégio Cardinalício, julgue
mais idôneo para reger com fruto e benefício a Igreja universal” (UDG
83).
Em tal caso, o Ordo indica que os cardeais
eleitores elejam dois cardeais que auxiliem o cardeal que preside até a
chegada e a aceitação do eleito. Depois, o cardeal que preside e os dois
cardeais que o assistem chamarão o substituto da Secretaria de Estado,
que com cautela atuará de forma que o eleito chegue o quanto antes
possível a Roma, “evitando absolutamente os meios de comunicação
social”, de forma que não se viole o segredo do Conclave.Chegado o
eleito à Cidade do Vaticano, o substituto da Secretaria de Estado
informa imediatamente de sua chegada ao cardeal que preside e cumpre
exatamente suas ordens. O cardeal que preside, após receber o conselho
dos dois cardeais que o assistem, convocará os cardeais eleitores e
introduzirá o eleito na Capela Sistina para que se proceda o rito da
aceitação.
Se em qualquer dos dois casos, esteja ou
não o eleito entre os cardeais eleitores, o eleito chegara a não
aceitar, recomeçar-se-á desde o princípio o procedimento eletivo.Será
após a aceitação que se queimarão os papéis com os quais se votou no
último escrutínio e as notas. A fumaça branca que sairá da chaminé
procedente da Capela Sistina indicará aos fiéis no exterior o êxito da
eleição.“Depois da aceitação, o eleito que já tiver recebido a ordenação
episcopal é imediatamente Bispo da Igreja romana, verdadeiro Papa e
Cabeça do Colégio Episcopal; o mesmo adquire de fato a plena e suprema
potestade sobre a Igreja universal e pode exercê-la” (UDG 88). Mas “se o
eleito não tem o caráter episcopal, será ordenado bispo imediatamente”.
“O Conclave se concluirá imediatamente depois que o novo Sumo Pontífice
eleito tiver dado o consentimento a sua eleição, salvo que ele mesmo
disponha outra coisa” (UDG 91).
O Pontífice, após ter posto na Sacristia,
com ajuda do Mestre das Celebrações Litúrgicas, as vestes que lhe são
próprias, regressará à Capela Sistina e se sentará na Cátedra. Os
momentos de oração previstos na continuação não constituem nenhum tipo
de ratificação nem são um ato acrescentado à eleição canônica e à
aceitação, que são os dois momentos essenciais da Eleição do Romano
Pontífice.O Decano do Colégio Cardinalício ou o Subdecano ou o Primeiro
dos Cardeais Bispos sairá ao Romano Pontífice dizendo: “Beatíssimo
Padre, nesta hora solene, na qual por um impenetrável projeto da Divina
Providência foste eleito à Cátedra de Pedro, antes de elevar, unânimes,
nossas orações a Deus e de dar-lhe graças por tua eleição junto à beata
sempre Virgem Maria, Mãe de Deus e todos os Santos, convém recordar as
palavras com as que nosso Senhor Jesus Cristo prometeu a Pedro e a seus
sucessores o primado do ministério apostólico e do amor”.
O Sumo Pontífice se levantará, enquanto
todos estão de pé, e o Primeiro dos Cardeais Diáconos proclamará o texto
do Evangelho, entre os que propõe o Ordo Mt 16, 13-19 (“Tu és Pedro e
sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”) ou Jo 21, 15-17 (“Apascenta
minhas ovelhas”).
Na continuação, o Primeiro Cardeal
Presbítero vai orar pelo Sumo Pontífice, após ter convidado a um
instante de oração em silêncio: “Ó Deus, que no projeto de tua sabedoria
edificaste a tua Igreja sobre a rocha de Pedro, cabeça do colégio
apostólico, protege e sustenta a nosso Papa N... tu que o elegeste como
sucessor de Pedro, faz que seja para teu povo princípio e fundamento
visível da unidade na fé e da comunhão na caridade. Por Cristo Nosso
Senhor”.
Em seguida, os cardeais eleitores, segundo a
ordem de procedência, aproximam-se do novo Papa para expressar-lhe um
gesto de respeito e obediência, salvo se o eleito não for bispo; só
depois de sua consagração episcopal se lhe dará este gesto.Concluído
este ato todos dão graças a Deus na Capela Sistina com o solene canto do
hino Te Deum, laudamus, que o próprio Sumo Pontífice entoará, seguindo o
Ordo.
Logo após, o Cardeal Protodiácono dá o
solene anúncio da eleição aos fiéis e o nome do Papa, que tem como
primeiro ato como Pastor da Igreja o envio da Bênção Apostólica Urbi et
Orbi.
Deus abençoe você!!!
Fundador Gleydson do Blog Verbo Pai
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