"O Advento é visto como um tempo de alegre esperança pela chegada do Senhor."
Uma festa em nossa casa é sempre um momento especial,
arrumamos a casa, preparamos algumas comidas gostosas, queremos que tudo esteja
perfeito para receber nossos convidados. Imagine que o seu convidado é o
próprio Jesus Cristo. Certamente, durante alguns dias, tudo na sua casa se
voltaria para a preparação de tão honrosa visita. A seleção do cardápio para o
almoço, a organização da mesa, a louça e os talheres, as roupas que cada um
iria vestir. Na véspera, uma arrumação geral na casa, de modo a ficar tudo limpo
e bonito para receber tão ilustre convidado.
Esses cuidados que normalmente temos, na vida social, para
receber um visitante em nossa casa, também devemos ter na vida espiritual. É o
que ocorre, no ciclo litúrgico, em relação às grandes festividades, como o
Natal. A Igreja, em sua sabedoria multissecular, instituiu um período de
preparação, com a finalidade de conscientizar todos os cristãos da importância
desse acontecimento e proporcionar-lhes os meios necessários a sua purificação
para celebrar essa solenidade dignamente. Esse período é o Tempo do Advento.
A liturgia desse tempo nos faz contemplar o mistério da
vinda do Salvador, Jesus Cristo, o filho de Deus. Por isso, dizemos que o
Advento é tempo de espera. Os textos bíblicos, as músicas, as orações que
ouvimos e expressamos nas celebrações vêm abrir um espaço em nosso coração para
abrigar a esperança, indicando, a razão fundamental da nossa expectativa, o
próprio filho de Deus e o reino que ele veio anunciar.
Origem da palavra
A palavra advento vem do latim, adventus, e significa vinda,
chegada. Tem origem profana, pois designava a vinda anual da divindade pagã ao
templo para visitar seus adoradores. Na linguagem cotidiana, significava a
primeira visita de um personagem ilustre, logo depois de assumir um alto cargo.
Nas obras cristãs dos primeiros tempos, especialmente na
Vulgata, adventus se transformou no termo para designar a vinda de Cristo à
terra, ou seja, a Encarnação, inaugurando a era messiânica e, depois, sua vinda
gloriosa no fim dos tempos. Esse é o sentido com que a palavra é usada até os
dias de hoje.
Surgimento do tempo litúrgico
O Tempo litúrgico do Advento tem sua origem na liturgia da
Gália (atual França) e da Espanha, no séc. IV, e está associado à festa da Epifania
(da manifestação do Senhor). Mais tarde, as fontes que nos falam da liturgia da
Gália aludem a uma ‘Quaresma’ que começava com a Festa de S. Martinho (11 de
Novembro) e se estendia até a festa da Epifania, formando oito semanas. No
entanto, à semelhança do que ocorria nas Igrejas Orientais, não eram contados
os sábados e domingos, por serem dias de celebração festiva da ressurreição do
Senhor, assim obtinha-se um total de 40 dias, daí a denominação de Quadragésima
Sancti Martini (Quaresma de São Martinho). Essa consistia num tempo de caráter
ascético com jejum e abstinência propagada por São Martinho.
O primeiro papa a redigir um ofício para o Advento foi São
Gregório Magno (590-604), assim o Sacramentário Gregoriano é o mais antigo a
apresentar missas próprias para os domingos desse tempo litúrgico.
No século IX, a duração do Advento reduziu-se a quatro
semanas, como se lê numa carta do Papa São Nicolau I (858-867) aos búlgaros. E
no século XII o jejum havia sido já substituído por uma simples abstinência.
Apesar do caráter penitencial do jejum ou abstinência, a intenção dos papas, na
alta Idade Média, era produzir nos fiéis uma grande expectativa pela vinda do
Salvador, orientando-os para o seu retorno glorioso no fim dos tempos. O velho vocábulo pagão adventus se entende
também no sentido bíblico e escatológico a "parusia".
Nos dias atuais, o Advento mantém a duração de quatro
semanas, mais precisamente de quatro domingos, tendo início no primeiro domingo
depois da festa de Cristo Rei e findando antes das primeiras vésperas de Natal.
Teologia e Espiritualidade do Advento
O novo calendário romano, no n. 39, cuidou de exprimir o
significado do Advento: "O tempo do Advento tem uma dupla característica:
é tempo de preparação para a solenidade do Natal, em que se recorda a primeira
vinda do Filho de Deus entre os homens e simultaneamente é o tempo no qual,
através desta recordação, o espírito é conduzido à espera da segunda vinda de
Cristo no final dos tempos".
Podemos acompanhar esse significado ao longo das leituras
deste tempo, começando no 1º domingo que é o da espera vigilante do Senhor. Ele
anuncia o seu retorno. Devemos estar alertas. As nações se reunirão. O dia está
próximo (ciclo A). De fato, esperamos que o Senhor Jesus se revele. Quando
vier, tudo será restaurado, o universo e cada um de nós (ciclo B). É preciso vigiar
e estar pronto para comparecer de pé diante do Filho do homem. Um tempo de
justiça se instaurará no fim dos tempos, pelo que devemos estar firmes e
irrepreensíveis (ciclo C)
Se o Reino dos Céus está próximo, é preciso preparar os
caminhos. É o tema específico do 2º domingo do Advento. O Espírito está sobre o
Senhor e nele as promessas são confirmadas (ciclo A). Preparar os caminhos
significa preparar um mundo novo, uma terra nova (ciclo B). Devemos saber ver a
salvação de Deus, cobrir-nos com manto da justiça e revestir-nos do esplendor
da glória do Senhor (ciclo C).
O 3º domingo, por sua vez, apresenta os tempos messiânicos.
Deus vem salvar-nos, a sua vinda está próxima, as curas são o sinal da sua
presença (ciclo A). No meio de nós está alguém que não conhecemos. Exultamos
pela presença de quem está marcado pelo Espírito (ciclo B). Um mais poderoso
que João Batista deve chegar. Já está aqui. E esse o tempo da fraternidade e da
justiça (ciclo C).
O 4º domingo do Advento anuncia a vinda iminente do Messias.
José foi pré-advertido. Uma Virgem conceberá o Filho de Deus, Jesus Cristo, da
estirpe de Davi (ciclo A). A noticia é comunicada a Maria. O trono de Davi será
firme para sempre. O mistério calado por Deus durante séculos é agora revelado
(ciclo B). Também Isabel agora sabe. De Judá sairá aquele que vai reger Israel.
Ele vem para cumprir a vontade de Deus (ciclo C).
O Advento é visto como um tempo de alegre esperança pela
chegada do Senhor. Jesus vem e isso é motivo de muita alegria. Na verdade, Jesus
já veio e virá uma segunda vez. Esse é o ensinamento da Igreja. Mas nosso
encontro com Jesus que vem, acontece todos os dias. Jesus vem até nós na pessoa
dos nossos irmãos e irmãs, de um modo especial os mais sofredores. Ou mesmo em
tantas formas de presença onde o Cristo ressuscitado vem até nós, na oração, na
celebração litúrgica ou quando nos reunimos em seu nome.
Por: Valéria Maria Cavalcanti Tavares
Extraido do site http://www.comunidaderecado.com/
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Fundador Gleydson do Blog Verbo Pai
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