A ALEGRIA DO AMOR que se vive nas famÃlias é também o júbilo da Igreja. Apesar dos numerosos sinais de crise no matrimônio – como foi observado pelos Padres sinodais – «o desejo de famÃlia permanece vivo, especialmente entre os jovens, e isto incentiva a Igreja». Como resposta a este anseio, «o anúncio cristão sobre a famÃlia é verdadeiramente uma boa notÃcia».
O caminho sinodal permitiu analisar a situação das famÃlias no mundo atual, alargar a nossa perspectiva e reavivar a nossa consciência sobre a importância do matrimônio e da famÃlia. Ao mesmo tempo, a complexidade dos temas tratados mostrou-nos a necessidade de continuar a aprofundar, com liberdade, algumas questões doutrinais, morais, espirituais e pastorais. A reflexão dos pastores e teólogos, se for fiel à Igreja, honesta, realista e criativa, ajudar-nos-á a alcançar uma maior clareza. Os debates, que têm lugar nos meios de comunicação ou em publicações e mesmo entre ministros da Igreja, estendem-se desde o desejo desenfreado de mudar tudo sem suficiente reflexão ou fundamentação até à atitude que pretende resolver tudo através da aplicação de normas gerais ou deduzindo conclusões excessivas de algumas reflexões teológicas.
Recordando que o tempo é superior ao espaço, quero reiterar que nem todas as discussões doutrinais, morais ou pastorais devem ser resolvidas através de intervenções magisteriais. Naturalmente, na Igreja, é necessária uma unidade de doutrina e práxis, mas isto não impede que existam maneiras diferentes de interpretar alguns aspectos da doutrina ou algumas consequências que decorrem dela. Assim há-de acontecer até que o EspÃrito nos conduza à verdade completa (cf. Jo 16, 13), isto é, quando nos introduzir perfeitamente no mistério de Cristo e pudermos ver tudo com o seu olhar. Além disso, em cada paÃs ou região, é possÃvel buscar soluções mais inculturadas, atentas à s tradições e aos desafios locais. De facto, «as culturas são muito diferentes entre si e cada princÃpio geral (...), se quiser ser observado e aplicado, precisa de ser inculturado».
Em todo o caso, devo dizer que o caminho sinodal se revestiu duma grande beleza e proporcionou muita luz. Agradeço tantas contribuições que me ajudaram a considerar, em toda a sua amplitude, os problemas das famÃlias do mundo inteiro. O conjunto das intervenções dos Padres, que ouvi com atenção constante, pareceu-me um precioso poliedro, formado por muitas preocupações legÃtimas e questões honestas e sinceras. Por isso, considerei oportuno redigir uma Exortação Apostólica pós-sinodal que recolha contribuições dos dois SÃnodos recentes sobre a famÃlia, acrescentando outras considerações que possam orientara reflexão, o diálogo ou a práxis pastoral, e simultaneamente ofereçam coragem, estÃmulo e ajuda à s famÃlias na sua doação e nas suas dificuldades.
Esta Exortação adquire um significado especial no contexto deste Ano Jubilar da Misericórdia, em primeiro lugar, porque a vejo como uma proposta para as famÃlias cristãs, que as estimule a apreciar os dons do matrimônio e da famÃlia e a manter um amor forte e cheio de valores como a generosidade, o compromisso, a fidelidade e a paciência; em segundo lugar, porque se propõe encorajar todos a serem sinais de misericórdia e proximidade para a vida familiar, onde esta não se realize perfeitamente ou não se desenrole em paz e alegria.
Texto extraÃdo da Exortação Apostolica Amoris Laetitia - Papa Francisco.
"Deus vos abençoe!!!"
Fundador Gleydson do Blog Verbo Pai